domingo, 27 de fevereiro de 2011

LOGÍSTICA É A NOVA MINA DE EMPREGO


Logística a reboque do desenvolvimento
Micheline Batista
michelinebatista.pe@dabr.com.br
Edição de domingo, 27 de fevereiro de 2011

Consolidação de Suape como hub port aumenta demanda por serviços logísticos, gerando empregos Imagine Suape daqui a cinco anos. Vamos estar produzindo navios, fabricando automóveis, refinando petróleo e produzindo insumos petroquímicos. Algo impensável até pouco tempo atrás, escrevemos na abertura da primeira matéria desta série, no dia 30 de janeiro. Agora imagine o fluxo intenso de cargas que tudo isso deverá gerar. Vamos saltar de 9 milhões de toneladas, em 2010, para 48 milhões em 2016. Entre as atividades de apoio, talvez a de logística seja a mais importante nesse contexto e é justamente esse segmento que vamos abordar nesta quinta e última matéria da série.

Nenhum complexo industrial portuário sobrevive sem uma boa infraestrutura logística. Além de uma plataforma multimodal de transporte, que inclua pelo menos os modais rodoviário e ferroviário para escoar a carga que chega ou sai pela via marítima, é necessário ter empresas que cuidem do planejamento e do controle do fluxo e da armazenagem dos produtos. Suape já possui um pequeno polo de empresas que dão algum suporte junto à zona primária. Mas isso é só o início.
Com a consolidação de Suape como um porto concentrador de carga (hub port) para as regiões Norte/Nordeste, a demanda por serviços logísticos, acredite, vai bombar. A localização geográfica é mais do que privilegiada - quatro capitais a um raio de 300 quilômetros e outras três em um raio de 800 quilômetros. Uma área que concentra 90% do Produto Interno Bruto (PIB) da região Nordeste.
´A logística está sempre a reboque do desenvolvimento. Qualquer movimento importante de investimento aumenta o fluxo de materiais e consequentemente a demanda por serviços logísticos. É isso que está acontecendo agora em Suape`, diz Edson Carillo, diretor da Associação Brasileira de Logística (Aslog).
Segundo Carillo, como não há profissionais suficientemente qualificados no mercado, muitas vezes é preciso ´adaptar` trabalhadores para atuar nas áreas técnica e gerencial. As empresas costumam contratar administradores de empresas e engenheiros, especialmente de produção, com pós-graduação na área de logística.

No nível básico, os trabalhadores são disputados com a indústria da construção civil. Quem tem alguma experiência, sai na frente. É o caso de Gilson José da Silva, 27 anos, conferente na Widrose há sete meses. Antes, foi auxiliar de manutenção por cinco anos no Tecon Suape, empresa que faz carga/descarga e armazenagem de carga geral e contêineres.
´Não é difícil arranjar emprego, principalmente para quem tem experiência. Ter conhecimento (contatos) também ajuda`, diz Gilson, que possui ensino médio completo e mora no Engenho Mercês, vizinho ao porto. A mudança de emprego também significou aumento de salário, de R$ 678 para R$ 900.

A Windrose começou com agenciamento martítimo e há cinco anos ingressou no ramo logístico. Hoje, movimenta cerca de 200 contêineres/mês. Em Pernambuco são 75 funcionários, 12 deles admitidos em apenas uma semana. ´Com a movimentação de carga crescente, existe a perspectiva de contratarmos mais gente. E temos a preocupação de dar prioridade à mão de obra local, apesar de pouco qualificada`, afirma o gerente de operações Pedro de Macedo.
Será necessário, portanto, fazer um esforço para qualificar os pernambucanos. O diretor técnico do Senai-PE, Uaci Matias, reconhece que a entidade precisar dar um upgrade no seu curso de logística para poder atender à expansão desse segmento no estado. ´Pernambuco está avançando para uma logística expandida e extremamente sofisticada. Precisamos acompanhar esse ritmo`, conclui

Futuro apresenta-se promissor

 O potencial de Suape atraiu a atenção de um dos maiores operadores logísticos do país - a Localfrio. O grupo acaba de adquirir quatro empresas do ramo: Suata Transportes, Suata Armazéns Alfandegados, Suata LOG e Atlântico Armazéns Gerais, localizadas na retroárea do porto. Neste ano, o grupo vai investir R$ 20 milhões no estado e gerar pelo menos 250 novas vagas de emprego, além das 400 já existentes.
Vamos comprar 30 novos caminhões para a Suata Transportes - só aí serão necessários 90 motoristas. E na Suata LOG, que deve começar a operar ainda este ano com um primeiro galpão, serão pelo menos 100 funcionários`, diz o presidente do grupo, Marcelo Orpinelli.

O superintendente de Logística e Transporte da Localfrio, Marco Antonio de Oliveira, explica que, para ser operador de empilhadeira, por exemplo, não basta ter carteira de motorista. ´É preciso ter conhecimentos de informática, pois as máquinas com capacidade superior a 45 toneladas são computadorizadas`.

Com o crescimento de Suape, as empresas de pequeno e médio porte provedoras de serviços que se integram ao porto em si e a suas indústrias deverão começar a se instalar no 3º nível, ao seja, nos municípios do entorno. O 3º nível costuma responder por 60% dos empregos nos maiores portos do mundo.
De olho nesse mercado, a Cone anunciou a instalação de um condomínio de negócios bilionário no Cabo de Santo Agostinho - um investimento de R$ 1,4 bilhão, tendo como sócios a Moura Dubeux Engenharia e o Fundo de Infraestrutura (FI-FGTS). O braço logístico desse condomínio (Cone Multimodal) poderá abrigar até 50 empresas e gerar cerca de oito mil empregos.
´Estamos a 6,5 quilômetros da zona primária do porto disponibilizando 1,1 milhão de metros quadrados para empresas de logística`, argumenta o presidente da Cone, Marcos Roberto Dubeux. A primeira fase do Multimodal deverá estar funcionando em abril e até o fim do ano pelo menos dez empresas estarão instaladas. (M.B.)